
Esta minha viola, uma Dotch, de fabrico alemão, inspirada nas já míticas Ovations, tem sido uma fiel companheira ao longo de quatro anos. Este instrumento comprei-o quase na mesma altura que fundávamos os Filhos da Terra e já se confunde um pouco com a história do grupo. Apesar de já me terem visto a tocar com guitarras diferentes, esta é sempre a que mais estima tenho e que está ao lado da minha secretaria de trabalho para preparar cada ensaio ou criar algumas das versões que vamos tocando.
Mas ontem, ela mudou de mãos temporariamente. Resolvi emprestar a minha Dotch a um dos elementos mais novos da nossa Escola de Musica Filhos da Terra para que pudesse ter a oportunidade de se estrear no grupo acústico Filhos da Terra com uma semiacústica. Vi o nosso Emanuel “Slash” Almeida a tocar cada corda com o mesmo cuidado e com o mesmo empenho que sempre a toco, o que me encheu de orgulho e me fez sentir realizado.
Mas isto é apenas metade da história uma vez que a mais nova de todos, com apenas dez anos, a nosso Filipa Ambrósio Borges, estreou-se, de igual modo, na composição principal do grupo, tocando uma das melhores guitarras que dispomos e substituindo a ausência, por motivos profissionais, do nosso Bruno Correia. Outro enorme exemplo de grande dedicação desta jovem instrumentista, mas também de todos aqueles que a acompanham no seu crescimento musical dentro da nossa escola de música.
Nada disto seria possível se não existisse uma Sara, uma Ana Sofia ou um Bruno. Jovens músicos que doam o seu tempo livre, e até os seus instrumentos pessoais, em prol destes mais novos, na formação musical e numa ocupação dos seus tempos livres de uma forma saudável e positiva.
Para aqueles meus amigos que me questionam constantemente como posso ter tanta paciência para tudo isto que faço e incentivo outros a fazer, era a ver a cara deles em cada musica, em cada acorde, a cada aplauso do publico. Não se esqueçam que a vida é curta como um sopro de vento e temos todos a obrigação de deixar este mundo melhor do que estava no dia que cá chegamos.
Acreditem, assim vale mesmo a pena, basta acreditar.
José Pacheco